A maioria de nossas rodovias são obsoletas, congestionadas e perigosas , ou seja, são rodovias de pista simples, onde a ocorrência da colisão frontal(um dos tipos de acidente que mais mata no Brasil)tira a vida de milhares de brasileiros todos os anos, principalmente durante os feriados prolongados.
A Apavarf (Associação Brasileira de Parentes e Amigos das Vítimas de Acidentes em Rodovias Federais) tem o objetivo primordial de denunciar a omissão do governo federal, quanto à flagrante negligência diante dos aspectos preventivos, uma vez que existe uma estreita relação entre adequadas condições estruturais rodoviárias, e menos acidentes fatais.
Vejamos como exemplo a duplicação de um trecho da BR-277 no estado do Paraná, quando se diminuiu em 38% os acidentes. Portanto, com rodovias duplicadas, as colisões frontais cessam quase que completamente, e os índices de mortalidade e morbidade caem significativamente nas rodovias federais.
Em suma, duplicar é fator determinante para a redução de índices de mortes e feridos graves. Citemos outro exemplo: a Rodovia dos Tamoios (SP-99) que sendo uma rodovia estadual, não teve nenhum acidente com vítima fatal no último carnaval (2014), uma vez que a sua duplicação contribuiu para a redução das tragédias, o que era uma constante.
O processo de humanização e responsabilidade com a vida humana que ocorreu com a referida rodovia paulista é um bom exemplo que assegura a Apavarf em denunciar que sempre conviveremos com altos índices de mortes nas rodovias de pista simples, sejam elas estaduais ou federais.
Por conseguinte, é de se constatar que a história das rodovias obsoletas e inadequadas (pista simples) nunca poderá ser diferente da nossa atual e lamentável realidade. E tudo se agrava ano após ano, uma vez que a modernização das nossas rodovias federais está bem longe de acompanhar o crescente número de veículos que trafegam no inseguro e macabro ambiente rodoviário.
Com o aumento geométrico da frota de veículos no país, a conduta do governo passa a ser decisiva. Mas lamentavelmente, o governo brasileiro duplicou só 150 km por ano de rodovias federais. Nesse ritmo vamos demorar mais de 60 anos para duplicar o resto.
O Ministério dos Transportes disponibilizou o balanço da sua atuação de 2011 até 2014. Os dados indicam que em quatro anos foram duplicados apenas 597 km. Repetindo, nesse ritmo, para duplicar todas as rodovias federais, vamos demorar mais de 60 anos.
É muito pouco para um país que precisa reduzir o número absurdo e escandaloso de acidentes no trânsito rodoviário. E assim, desde o lançamento da Década de Ação pelo Trânsito Seguro, em 11 de maio de 2011, o que se observa é um imobilismo assustador por parte do governo federal, diante da carnificina que contatamos todos os anos, o que ficou bem evidenciado através da entrevista coletiva realizada em Brasília no dia 9 de janeiro, quando o chefe da Divisão de Planejamento Operacional da PRF, destacou que a maioria das rodovias federais é de pista simples, o que agrava o risco (“Mais de 95% das nossas rodovias federais são de pista simples”).
Resultado: em 2014, foram registrados 168,5 mil acidentes em rodovias federais, que deixaram 100,3 mil feridos e 8,2 mil mortos. O balanço da PRF destaca, ainda, que sábados e domingos são os dias em que mais pessoas perdem a vida em acidentes de trânsito nas BRs e que 40% das mortes ocorreram aos finais de semana.
O problema também foi destacado pela pesquisa CNT de Rodovias 2014. Conforme o estudo da Confederação Nacional do Transporte, aproximadamente 90% das rodovias (considerando federais, estaduais e concedidas) são de pista simples no país.
O relatório do estudo lembra que “embora a presença de pista dupla não seja um pressuposto essencial ao adequado nível de serviço, vias duplicadas propiciam o aumento na capacidade de tráfego e um grau mais elevado de segurança”.