Mas o que é “Educação” ?
A palavra tem origem do latim “education”,
que seria algo como o “ato” de conduzir, guiar, criar, agir…
A “Educação” – em suas bases teóricas – é um processo entre alguém que educa e alguém que é educado…
…mas podemos aventurar por vezes em carreira solo – isto é; educando a nós mesmos -,
somente observando o que nos rodeia
num delicioso paradoxo.
Assim como a escola
não é o único lugar no qual haja educação,
professores e alunos também não são os únicos atores desta rede complexa…
Mas deixem expandir meus argumentos.
Os gregos na antiguidade educavam suas crianças (no caso somente os meninos),
para torná-los bons cidadãos…
…apostavam na certeza de que
a sua comunidade seria mais forte,
se aquele que aprendia
desenvolvesse integralmente no futuro,
as suas melhores aptidões.
Hoje o conceito na sociedade moderna – definição mais “generalista”-,
foca a “Educação” como a maneira em que os hábitos,
costumes e valores de uma comunidade
são transferidos de uma geração para a outra.
Portanto,
a “Educação” é sim,
o processo que germina através de situações presenciadas
e experiências individuais.
Ela “acolhe” a gentileza,
a sensibilidade e a civilidade que um indivíduo demonstra,
assim como sua capacidade de conviver com outros semelhantes,
afastando-se de rituais elaborados e repetitivos.
A “Educação” tem o dever
de “nutrir” o indivíduo de forma “positiva”
e também à sociedade em geral,
trazendo melhor integração para todos…
(Mesmo nas sociedades mais miseráveis da história humana sempre houve cooperação)
A “Educação” de qualidade visa a preparação do indivíduo – trabalho este que deve começar na infância -,
para que possa compreender o local em que vive,
atuando nele e, assim,
inventar um mundo melhor.
Fora disto,
a ideia seria tão absurda
que não vou lhe dedicar
mais atenção.
E como deve ser aquele que educa?
Isso em principio parece tão natural,
tão imediato,
e tão simples de saber,
como “olhar e ver”.
Mas a resposta não é uma “estrada” tão estreita.
Quem educa,
deve conhecer de forma inquestionável,
o destino ao qual quer chegar,
o porquê o escolheu,
e qual a maneira de lá chegar.
Para isso deve ter a possibilidade de materializar o futuro,
para tornar seus educandos,
multiplicadores de inovações sociais,
baseadas em ações concretas e distantes de situações que fiquem somente no campo das ideias.
Mas sabemos o quanto é difícil
ensinar conhecimentos do qual temos somente a superficialidade…
(É como estar nivelando o gosto, pelo gosto médio)
Para isso,
aqueles que educam
devem buscar continuamente a modernização dos seus saberes
com estudos constantes,
para que não sejam no futuro breve
apontados por pretensos “desmascaradores” de mitos.
“Eles” devem sim,
ser mediadores na construção do conhecimento,
tendo para isso uma continua postura ativa de reflexão,
autoavaliação e
primordialmente saber trabalhar em equipe…
…pois é na troca de ideias que o “todo” prospera.
(Como a “tirar vantagem do efeito carona”)
Estes senhores(as) serão chamados de “Professor(a)” e/ou de “Educador(a)”?
Bem, a profissão de “Professor” é muito antiga…
Na remota Grécia, a palavra era designava aos “escravos”
que cuidavam dos meninos para as famílias.
(Tipo guarda costas)
O conceito seguiu seu caminho por mudanças silenciosas,
e sem querer soar muito “pomposo”,
o tempo o fez adquirir,
um melhor “status.
Hoje segundo os especialistas da área,
o “professor” é um profissional comprometido apenas com o conhecimento e o conteúdo.
Então,
ser professor é uma profissão
e qualquer um que seja “habilitado” pode exercê-la.
(Essas são questões importantes e obviamente difíceis)
Mas e o famigerado “Educador”?
O “Educador” é aquele que está comprometido com as pessoas,
não somente com o conhecimento,
mas acima de tudo
com o bom uso desses conhecimentos
tanto para a família quanto para a sociedade.
Ele também é um professor.
Tem a “vocação” e a exerce em todo o tempo.
O Educador não é neutro,
a sua funcionalidade é a de construir uma realidade diferente,
onde o individualismo
cede lugar ao “distribuir o respeitar ao outro”…
… nutrindo sempre a vontade de alimentar a esperança,
em cada um que venha conquistar.
O educador além de informar, tem o dever de “formar”.
Não há como se preparar um Educador… É um “dom”.
Mas isso,
é só uma pequena parte da história!
A Educação formal no mundo.
A “Educação” formal de uma sociedade é mensurada, levando em conta variáveis como:
– a taxa de alfabetização de adultos;
– a matrícula em escola primária;
– a matrícula do ensino secundário e
– anos médios das mulheres na escola.
(Estas informações são sempre desconcertantes a princípio).
Os quatro países do mundo que merecem grande destaque por sua “Educação formal” são:
A Coréia do Sul, o Japão, a Suécia e a Finlândia.
Mas, o que têm em comum?
– Em todos eles
a “Educação” é colocada como prioridade,
e há uma cobrança adequada do poder público nas parcerias…
Lá, as famílias,
o poder público e as escolas atuam engajados.
Na Espanha por exemplo,
as escolas têm um projeto de convivência.
(Algo que ao meu ver proporciona “janelas de oportunidades”)
Nos países desenvolvidos,
o sucesso do aluno durante o período escolar
é que vai definir o seu sucesso na vida profissional futura.
(No Brasil este princípio é absurdamente cômico como veremos a seguir)
E a “Educação” formal no Brasil?
Estamos perdendo muito em relevância
e não teremos condições futuras de competir lado a lado
com os demais países desenvolvidos,
pois somos uma sociedade que não valoriza o conhecimento.
E os motivos são diversos:
– As ações de como o sistema de ensino é gerenciado são amadoras…
(Saibam que quando a única ferramenta que você tem é um martelo, tudo começa a se parecer com um prego).
– Somos uma sociedade repleta de desordem, pois os valores morais, éticos e espirituais são precários.
– O poder público não respeita a continuidade e a sociedade não incentiva a sua participação no processo – não cuida, não controla -.
(Vivemos uma falsa democracia. Na verdade nos deparamos com uma singela, perversa e atenuada oligarquia – sistema no qual poucos decidem).
– O investimento é maior no que resulta em visibilidade política, e não em pessoas. Muitos parlamentares apresentam propostas demagógicas ou e/ou eleitoreiras.
(O tal de jogo fortuito de ações motivadas por interesses nem sempre claros e frequentemente pouco dignos).
– Temos uma escola pública só para os pobres, distanciando a convivência de diferentes no mesmo espaço, acarretando na debilidade da sociedade.
(Muitos alunos são aniquilados para a vida profissional dentro deste modelo)
– No Brasil a TV manipula (ela não nos traz o mundo, mas uma versão dele);
a publicidade estimula valores vazios, e a internet acrescenta a esse coquetel,
a influência de sua diversificação por muitas vezes nefasta…
… e assim temos uma poderosa mistura pronta para a explosão.
– No Brasil, o gasto familiar com material de leitura é muito pequeno: corresponde a 0,5% do orçamento…
…muito abaixo daquele destinado a aparelhos eletrônicos, que é de 1,8%.
(Uma visão pré “Pedro Álvares Cabral”).
– 75% dos analfabetos do mundo (14,1 milhões) estão em 15 países, entre eles, o Brasil (é o 8º maior).
(Aqui não caberia a frase “alegria pela desgraça alheia”)
– Em 2012, o Brasil ficou em 58º lugar no PISA (Programa Internacional de Avaliação de Alunos), de um total de 64 nações participantes.
(Ainda temos muito pouco conhecimento, mas sem dúvida não é só isso).
– A OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) mantém um ranking da educação em 36 países, no qual o Brasil atualmente amarga a penúltima posição, à frente somente do México.
Como critérios avaliados pela organização, estão o desempenho dos alunos no PISA, a média de anos que os alunos passam na escola e a porcentagem da população que está cursando ensino superior.
(Estamos varrendo para baixo do tapete e ignorando estas realidades).
A sociedade no todo está abençoadamente inconsciente de seu profundo desconhecimento, mas mesmo assim, continuamos somente especulando a respeito…
(Ainda nem iniciamos a resolver o problema)
A sociedade está como se houvesse degustado o vinho da “irresponsabilidade”,
e sua embriaguez subsisti.
E a “Educação para o Trânsito”, o que é?
Muitos pensam que se limita a ensinar as regras de circulação…
(Trata-se via de regra de uma definição empobrecida)
Mas a “Educação para o Trânsito”
não se restringe a somente isso…
… e afirmo que a sua verdadeira importância
certamente não foi percebida…
A “Educação para o Trânsito” é muito mais complexa do que imaginamos,
pois envolve as diversas estratégias nos relacionamentos do homem
com a sociedade,
com a política,
com a economia e com ele mesmo.
Isso torna um pouco complicado – para dizer o mínimo –
para que haja consenso sobre os entendimentos,
as interpretações,
os posicionamentos,
e as ações a serem tomadas…
As diferenças de opiniões,
os conflitos dos “egos”
e as controvérsias do “conhecimento”
geram fortes reações emocionais e isto atrapalha.
(Não há uma “unidade”)
Em síntese,
estamos diante de um “enorme desafio”
e precisamos especular “sim”,
só que,
de maneira inteligente.
Seria arrogante de minha parte “negar”
que ainda há muitas questões importantes sobre a “Educação para o Trânsito” a serem mostradas…
…então selecionei algumas situações que achei no mínimo convenientes.
São elas:
– A cidade de Kobe/Japão tem seus sistemas viários projetados para manter o tráfego em movimento constante, garantindo menor emissão de poluentes ocasionados por congestionamentos.
– Berlim possui um dos sistemas mais ágeis da Europa. Com uma população de 3,5 milhões de habitantes, apenas 31% dos moradores usam o carro particular. Lá o ônibus é muito pontual e se há atrasos eles são pequenos (na Alemanha 5 minutos já é um grande atraso). Não há necessidade de fazer sinal nas paradas de ônibus/bonde – tendo pessoa no ponto o motorista para -.
– Em Nova York/EUA a prefeitura fechou alguns quarteirões para a passagem de carros e fazer dela um grande boulevard (um lugar amplo para o cidadão).
– Em Estocolmo/Suécia um sistema de pedágio urbano isentou veículos à base de “fontes alternativas de energia” – eles existem, você sabia? –
como forma de melhorar a fluidez e incentivar os consumidores a escolher carros menos poluentes.
– Em Tóquio/Japão quem compra um carro precisa apresentar uma prova que possui uma vaga privada para estacioná-lo. Se não tem, não compra.
– Em Pequim/China embora comprar um carro seja fácil, conseguir “emplacar” é o maior desafio dos motoristas chineses. O governo estipulou um sistema de sorteio, e a emissão de novas “placas” foi reduzido a um terço.
– Na Europa, atravessar a faixa de pedestres com o sinal vermelho é uma atitude “condenável” e sujeita a multa.
Mas aqui, em nosso país,
estamos como em uma “casca aprisionadora”;
tão marcada por distorções culturais e de objetivos,
tão separatistas e muitas vezes,
até cruel.
Devemos então,
dissolver todos os abusos cometidos em nome da sociedade,
e deixar que a nossa vida não seja governada mais
em grande parte,
pelos caprichos e pelo o individualismo.
Que cada um comunique conscientemente,
sua repugnância pelos delitos viais.
(Para aqueles que os “têm”)
Mas quais os motivos pelos quais no Brasil obtemos resultados discretos em relação ao tema?
Entrarei na seara das indagações…
1º) Nossas políticas públicas, por exemplo, a de prevenção de acidentes – em que a maioria são casos típicos de imprudências-, são campanhas pontuais, em véspera de festividades – e isso somente em algumas cidades -.
(Minguadas, parecendo doutrinas salvadoras de um mundo em perigo)
Não temos uma política séria em “educação para o trânsito” que resulte em mudança de comportamento, porque, quando se fala em educação, não é uma propaganda bonita ou feia na televisão que muda comportamento…
A “educação para o trânsito” assim como qualquer outro tipo de “educação” é um processo,
e ele começa na educação infantil, lá com os pequenos, e vai até a universidade.
(Isso ainda nós não temos; temos sim um gigantesco potencial inutilizado)
2º) Os “órgãos nacionais responsáveis” trabalham “sem” sintonia, estabelecendo regras diferentes para diversas regiões do país.
(Ações temperadas de ocultismos)
3º) Os recursos arrecadados não são reinvestidos, na mesma proporção, em campanhas educativas permanentes e eficazes.
(Exemplo: quase R$ 3 bilhões deixaram de ser investidos em projetos de mobilidade urbana e foram destinados aos estádios para realizar a Copa do Mundo)
3º) O processo de urbanização das cidades brasileiras foi conduzido por modelos econômicos, na maioria das vezes equivocados.
(A cultura do improviso está há muito tempo instalada no cotidiano das cidades)
4º) Há um forte incentivo nacional para venda de carros originando maior número de veículos trafegando…
… e como resultado,
mais engarrafamento;
mais poluição;
e mais mortes.
(Em 2011 morreram 2.000.000 de pessoas no mundo ocasionadas pela poluição veicular. Em São Paulo morreram 4400 no mesmo período – três vezes mais do que em acidentes -.)
5º) Muitos educadores estão habituados à sua própria sequencia dos assuntos e trabalham automaticamente seguindo o próprio bom senso.
(A escolha do assunto deve ser uma necessidade mais abrangente assim como a capacitação do “educador”)
Há uma combinação de racionalismo, fragmentação e compartimentação dos conteúdos por aqueles que se dispõem a tratar o assunto. Observa-se uma real desconexão com a grandeza dos temas que envolvem a mobilidade.
6º) O objetivo deveria ser o de compreender a importância da mobilidade urbana e suas implicações na vida cotidiana, para compreender a noção do assunto em diferentes situações sociais.
(Por exemplo; Qual a relação existente entre a mobilidade urbana e a escassez de água?)
7º) A função de “educador para o trânsito” proliferou. A sociedade parece achar esta denominação chique – tal qual ser participante de um “reality show”-.
(Somente a prática não basta)
8º) Um estudo realizado em 165 cidades do mundo, concluiu que as cidades brasileiras têm os piores índices de mobilidade.
(No Brasil, Florianópolis lidera o ranking, seguido pelo Rio de Janeiro)
9º) 95% da emissão de poluentes na cidade de São Paulo têm origem veicular.
Vejam que aqui,
só há pequenas “gotas” desse penoso insucesso…
Quais são os responsáveis por gerenciar a “Educação para o Trânsito”?
Atualmente no país
tudo muda para ficar a mesma coisa…
… a situação permanece irredutível.
As notas baixas recebidas pela qualidade
e pelo gerenciamento da nossa mobilidade,
avaliada pelos olhos externos
tendem a falar mal de nós mesmos.
Urgentemente as formas de educarmos para o trânsito deve ser repensada de acordo com o voto mais ardente da razão.
Ainda estamos desatualizados nas metodologias educacionais. O mundo é outro e não dá mais para continuar com o mesmo tipo de ensino.
(Na realidade a maioria dos cidadãos só tem rudimentos muitos superficiais sobre o assunto)
O trânsito está associado simplesmente a sentimentos negativos, como acidentes,
perigo, caos, violência, imprudência
e congestionamentos ou engarrafamentos.
(Então percebo com angústia que o tempo pode extinguir todo o entusiasmo de uma nova visão)
Os encontros, palestras, seminários etc…
…Estarão “eles” a contribuir para que a atmosfera vulcânica das ruas
apodere-se do seu legítimo lugar?
(Muita gente capaz anda por ai, com constante inquietude e uma espera impaciente)
Devemos “educar” com os diversos espaços existentes na sociedade – que sabemos ser espaços distintos – visando um cidadão educado para a vida privada e para a coletividade.
(Mas estes espaços não conseguiram nem mesmo iniciar um típico ensaio de cidadania)
Sabemos que as realidades educacionais de cada país são distintas (as circunstâncias, as culturas e as situações)…
… no entanto,
boas lições sempre podem ser apreendidas com as experiências positivas de outras partes do mundo.
(Se a iniciativa não for coroada de sucesso aos olhos da sociedade, terá, contudo, consequências)
Devemos educar os próprios educadores.
(Para apaziguar a cólera da sociedade)
Sabemos que certezas absolutas trazem mais danos, do que o debate de dúvidas.
(Devemos acender em “todos os momentos” a chama da “crítica social”)
O fracasso da sociedade é do cidadão.
(Que seja tomada a consciência dessa indelével humilhação)
Cidadania tem a ver com a vida em sociedade. O espaço público é uma produção social,
um direito e uma responsabilidade de todos.
(Infelizmente o termo “cidadania” está desgastado e inútil)
Temos de construir a nossa sociedade não como preparação para um futuro conhecido,
mas para um futuro rigorosamente imprevisível.
(Como para daqui a 50 anos. O que acham?)
A educação não é feita somente na escola. Devemos pensar na “sociedade” como uma “educadora”!
(Mas como “educadora” somos cada vez mais sinônimo de vergonha e incapacidade)
Os sistemas de educação isolados, são ineficazes.
(Devemos abolir estes instintos conservadores do individualismo)
E assim para finalizar…
… quero suscitar mais um desafio.
Apesar dos resultados tomados pela sociedade até agora,
não darem razões otimistas – bem pelo contrário, nos inflam de uma desilusão progressiva e geral -,
desejo que cada um
mergulhe nas sombras do “agir”,
e se converta para a “religião cidadã”…
…e que passe a abominar a religião do
“sem-educação” ou a do “mal-educado”.
E que sempre você
seja tomado por uma “beatice urbana” …
… e que “ela” o transforme em um religioso fervoroso;
só que desta vez,
da “boa cidadania”.
E que assim, conscientemente,
você assuma a responsabilidade de
indagar constantemente…
… indagar constantemente,
sobre o sentido,
daquilo que você está fazendo,
não deixando ao “acaso” o encargo de responder.